O desafio da mobilidade na América Latina
A matéria é de Bruno Neves, Head de Inteligência de Mercado do Grupo Tecnowise.
Recentemente a Cidade do México sediou o Intertraffic 2019, o maior evento global de mobilidade, infraestrutura, gestão de tráfego e segurança, que atualmente recebe mais de 4 mil visitantes. Uma série de fatores colabora para a escolha da cidade mexicana como sede do evento na América Latina e, por lá, tive a oportunidade de presenciar conceitos e novidades sobre o setor. A cidade está realizando investimento de bilhões de dólares em projetos de infraestrutura de estradas, possui um dos trânsitos mais caóticos do mundo e, por conta disso, busca soluções inovadoras para a mobilidade, como a construção de estações de teleférico. Entretanto, o que mais me chamou atenção foi a "Via Rápida", uma espécie de pedágio que os mais afortunados pagam para ter acesso a estradas com menos trânsito.
Apesar de a Cidade do México ter sido escolhida para receber o evento, muitas outras poderiam estar em seu lugar, inclusive São Paulo. Em uma base comparativa, enquanto a área (km²) da cidade mexicana é de 1.485 quilômetros, a da capital paulista é de 1.521; eles têm 5,5 milhões de automóveis circulando nas ruas, enquanto São Paulo tem 6,3 milhões. Outro ponto curioso é que por lá o gasto médio com transporte público mensal equivale a 1/3 do que gastamos por aqui. Fato é que a mobilidade na América Latina é um ponto de atenção latente. Ao mesmo tempo em que é indicado deixar o carro em casa, as condições do transporte público e outros modais não ajudam em nada na maioria destes países. Segundo um estudo realizado pela IDOM, se o tempo de deslocamento diminuísse em 10%, poderia haver uma economia de US﹩ 1 milhão por dia.
A baixa presença de empresas e visitantes brasileiros no evento mostra a pouca importância dada a temas tão importantes e atuais, como mobilidade e trânsito inteligente. Europa e Ásia, muito mais avançadas neste sentido, marcaram presença em massa, não apenas como expositores. Com a árdua missão de melhorar a mobilidade no país, é importante que mais brasileiros se voltem à mobilidade.
Uma matéria recente da revista mexicana "Obras" indica que as soluções ideais de mobilidade não são necessariamente carros elétricos e autônomos. Segundo a publicação, uma alternativa seria a construção de cidades compactas e mistas que reduzam o número e a distância de viagens, e ao mesmo tempo ofereçam inúmeras opções de mobilidade com segurança. Deve ser seguro andar a pé, de bicicleta, compartilhar o carro e, quando for necessário, utilizar o transporte público.
Trabalhar em um Grupo que mantém o Instituto Mobih, idealizado para garantir o envolvimento da sociedade com o tema da mobilidade humana, me traz a sensação de que estamos no caminho certo, buscando não apenas capacitar milhões de pessoas com nossas soluções, mas também levar propósito e mudanças positivas à vida de cada um.
Matéria: Bruno Neves, com Agência BCBiz
Imagem: Fotos EGM - Creative Commons
Recentemente a Cidade do México sediou o Intertraffic 2019, o maior evento global de mobilidade, infraestrutura, gestão de tráfego e segurança, que atualmente recebe mais de 4 mil visitantes. Uma série de fatores colabora para a escolha da cidade mexicana como sede do evento na América Latina e, por lá, tive a oportunidade de presenciar conceitos e novidades sobre o setor. A cidade está realizando investimento de bilhões de dólares em projetos de infraestrutura de estradas, possui um dos trânsitos mais caóticos do mundo e, por conta disso, busca soluções inovadoras para a mobilidade, como a construção de estações de teleférico. Entretanto, o que mais me chamou atenção foi a "Via Rápida", uma espécie de pedágio que os mais afortunados pagam para ter acesso a estradas com menos trânsito.
Apesar de a Cidade do México ter sido escolhida para receber o evento, muitas outras poderiam estar em seu lugar, inclusive São Paulo. Em uma base comparativa, enquanto a área (km²) da cidade mexicana é de 1.485 quilômetros, a da capital paulista é de 1.521; eles têm 5,5 milhões de automóveis circulando nas ruas, enquanto São Paulo tem 6,3 milhões. Outro ponto curioso é que por lá o gasto médio com transporte público mensal equivale a 1/3 do que gastamos por aqui. Fato é que a mobilidade na América Latina é um ponto de atenção latente. Ao mesmo tempo em que é indicado deixar o carro em casa, as condições do transporte público e outros modais não ajudam em nada na maioria destes países. Segundo um estudo realizado pela IDOM, se o tempo de deslocamento diminuísse em 10%, poderia haver uma economia de US﹩ 1 milhão por dia.
A baixa presença de empresas e visitantes brasileiros no evento mostra a pouca importância dada a temas tão importantes e atuais, como mobilidade e trânsito inteligente. Europa e Ásia, muito mais avançadas neste sentido, marcaram presença em massa, não apenas como expositores. Com a árdua missão de melhorar a mobilidade no país, é importante que mais brasileiros se voltem à mobilidade.
Uma matéria recente da revista mexicana "Obras" indica que as soluções ideais de mobilidade não são necessariamente carros elétricos e autônomos. Segundo a publicação, uma alternativa seria a construção de cidades compactas e mistas que reduzam o número e a distância de viagens, e ao mesmo tempo ofereçam inúmeras opções de mobilidade com segurança. Deve ser seguro andar a pé, de bicicleta, compartilhar o carro e, quando for necessário, utilizar o transporte público.
Trabalhar em um Grupo que mantém o Instituto Mobih, idealizado para garantir o envolvimento da sociedade com o tema da mobilidade humana, me traz a sensação de que estamos no caminho certo, buscando não apenas capacitar milhões de pessoas com nossas soluções, mas também levar propósito e mudanças positivas à vida de cada um.
Matéria: Bruno Neves, com Agência BCBiz
Imagem: Fotos EGM - Creative Commons