Estatal chinesa pretende adquirir o controle de tradicional cooperativa gaúcha de alimentos

Anúncio ocorre dias após alienação de parte de sua produção leiteira a francesa Lactalis.


Com endividamento estimado entre 800 milhões e 1 bilhão de reais, devido a problemas de gestão, a tradicional cooperativa gaúcha Languiru, um dos principais frigoríficos do sul do país, atuando no abate e beneficiamento de frangos, bovinos e suínos, assim como na produção e beneficiamento de leite e seus derivados, e produção de rações para animais, que exporta produtos alimentícios para mais de 40 países, poderá vir a ser controlada por uma empresa estatal chinesa, a Xiamen ITG, em parceria com o conglomerado chinês Tianjiao, num investimento de R$ 380 milhões a a R$ 760 milhões, num prazo de até 12 meses.

Segundo a CEO da estatal Xiamen ITG, Li Ping Huang, a compra da Languiru será importante para reforçar o fornecimento de alimentos ao povo chinês. “Queremos crescer juntos com Languiru para ter imagem mais internacional e entrar em mais mercados. Honrados e felizes com a parceria com Languiru e Brasil, para levar produtos brasileiros ao povo chinês e até para Hong Kong." - afirmou a executiva.

A negociação para a alienação dos ativos da tradicional cooperativa gaúcha de alimentos, contou com o apoio do Governo do Estado do Rio Grande do Sul, que segundo os executivos da estatal chinesa, "abriram as portas" e apresentaram essa oportunidade única de adquirir uma empresa tão consolidada como a Languiru, que apresenta um moderno parque fabril, que será de grande valia para o movimento de internacionalização do conglomerado chinês.

Durante a abertura do evento, o atual presidente da Languiru, Dirceu Bayer afirmou: “O cenário nos levou a um momento de não conseguirmos caminhar mais sozinhos. No melhor momento de cooperação, precisamos formar aliança e cooperar – é o que está se fazendo neste momento. A partir de hoje, a Languiru, que já exportou para mais de 40 países, se torna ainda mais global. Estabelecemos relações com a China, não só como consumidor, mas com parceiros de investimentos no mercado global.”

Caso a venda se concretize, conforme o protocolo de intenções, os chineses ficarão com 80% da planta de bovinos entre Estrela e Teutônia, 60% da fábrica de aves em Westfália, 51% da produção de suínos em Poço das Antas, e 51% da fabricação de rações em Estrela. A produção de lácteos deverá ficar de fora desta negociação, uma vez que recentemente foi negociada com a francesa Lactalis, que assumiu quase 51% das operações de captação e beneficiamento, todavia, é possível que os chineses venham a adquirir a parte pertencente a Cooperativa Languiru, correspondente a unidade fabril.

Após o evento, foi expedido pela justiça gaúcha um mandado de segurança com o intuito de inviabilizar a venda da cooperativa aos chineses, solicitado por parte de um grupo de associados da cooperativa, que ficaram indignados com a decisão da direção da cooperativa de se desfazer do controle das operações fabris, num momento em que se esperava uma reorganização da cooperativa, com fins de recuperar a rentabilidade. A juíza responsável determinou “que a Cooperativa Languiru e seu presidente fiquem proibidos de venderem, negociarem ou transacionarem os ativos fabris de aves, suínos e a fábrica de rações e, se o já fizeram, se abstenham de prosseguir com as negociações, especialmente receberem valores oriundos de tais negociações, pena de multa de R$ 500.000,00 por dia, sem limite.”



Matéria: Dimithri Vargas
Imagem: Divulgação



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